sexta-feira, 13 de abril de 2012

Locução Adverbial (Crítica)

A gramática normativa (GN) diz que Locução Adverbial “é o conjunto de duas ou mais palavras que funciona como advérbio (...) formam-se da associação de uma preposição com um substantivo, com um adjetivo ou com um advérbio.” (CUNHA, CINTRA, 2008, p. 558). Por exemplo:

·         Sairá do emprego com certeza. (preposição + adv. de afirmação)
·         Agiu com honestidade. (preposição + adv. de afirmação)
·         Vou ensinar o passo a passo da receita. (preposição + modo)

E a frase “Não houve nada de mais” é considerada locução adverbial? Sendo que, na classificação da preposição e do advérbio “de” é preposição e “mais” é advérbio de intensidade. Mas, segundo a gramática tradicional ou GT (MAZZAROTTO, 2002, p. 307), não se deve confundir o advérbio demais, o qual modifica o verbo ou adjetivo, com de mais, o qual modifica o nome e é considerada locução adjetiva. Será que não poderia considerá-lo como locução adverbial também? E vale relembrar que o advérbio nem sempre modifica a palavra. E nesse sentido, se percebe que as palavras devem ser estudadas no contexto e não isoladas, como apresenta o quadro de classificações do advérbio.
Para a linguística, a língua é um conjunto de variedades em que cada falante tem sua própria forma de usá-la. É certo que as combinações de lá de dentro, de lá de cima, de a pé são faladas ou ouvidas no cotidiano social, em frases como:

·         Este cheiro vem de lá de dentro.
·         Preciso limpar o vidro de lá de cima.
·         Estou indo de a pé.

Essas frases permitem que haja comunicação entre os interlocutores, então, são consideradas corretas para a gramática descritiva (GD). Por outro lado, a GN defende que para o falante fazer o uso correto da língua deve seguir as regras propostas por ela, as quais apresentam conceitos contraditórios e que fogem da realidade em que o indivíduo vive. Para a GN, essas frases citadas acima são consideradas impróprias para o uso, declarando que estão “erradas”.
E ainda, observando a mesma gramática, há um trecho que ainda aborda outras formas “incorretas” de usar a língua:

Usam-se com propriedade as locuções do avesso ou pelo avesso (mas não no avesso), na melhor das intenções (mas não com a melhor das intenções), alto e bom som (não em alto e bom som) e grosso modo (não a grosso modo), por se tratarem de locuções latinas. (MAZZAROTTO, 2002, p. 307)

     Essas regras são exageradas, desnecessárias, a ponto de serem motivo de críticas, confusões e muitas pessoas, a terem que segui lá, deixam-na de lado. Esta se torna uma tarefa complicada tanto para o professor ensinar, quanto para o aluno entender, os quais se confundem e acabam não se interessando pelo assunto. Por isso, o professor tem a missão de apresentar para o aluno as regras como um ponto de partida para a fala e escrita e não como algo que deve ser seguido rigorosamente. Portanto, pode-se considerar errado se o sujeito falar “Sei para fui à casa que”, pois não que se haja uma comunicação entre os interlocutores. Mas quando a pronuncia é compreendida por outras pessoas aí se caracteriza as variações da comunicação, basta apenas que saibam a mesma língua.

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