sábado, 14 de abril de 2012

Dissertação: "O Brasil que você quer X o Brasil que você tem"


Disponível em:  novaclinicaodontologia.com.br
  “Moro num país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza”. Brasil abrange o maior território da América Latina e é considerado um país ainda em desenvolvimento. Turistas de todas as nações vêm conhecer suas diversidades culturais e raciais, as quais são as principais características históricas. Mas o índice de pobreza ainda é grande, sendo um dos fatores que dividem a sociedade, tornando-a desigual.
A cultura brasileira mantém seus costumes e tradições que englobam uma enorme diversidade cultural e trazem ritmos como o samba e o MPB. Esses costumes e valores são recheados de misturas historicamente racionais, entre brancos, pretos e indígenas. A cultura nativa está voltada para as variedades dos gestos, cores e pensamentos de sua gente.
Mas entre tantas belezas, há benefícios que favorecem a apenas uma pequena parte da população. É um país que enfrenta sérios problemas que afligem a sociedade e que contradizem a ideologia do paraíso brasileiro. A má distribuição de renda per capita fragmenta a sociedade e exclui na construção de um país financeiramente igualitário. Os fatores que impedem o crescimento do Brasil com a independência internacional, são a predominância da corrupção, do neoliberalismo e o alto índice da violência.
Portanto, o Brasil que a população tem não é tão belo quanto aparenta. O país que os brasileiros precisam é onde exista igualdade social, mesmo com tantas diversidades culturais, e boa administração política voltada para as necessidades nativas. Apesar de uma boa estrutura industrial ainda faltam investimentos em áreas educacionais pública, e a execução de leis que julguem devidamente todos aqueles que não cumprem com seus deveres com honestidade e aqueles que não respeitam os direitos alheios.

Resumo: "A Literatura Brasileira: Origens e Unidade (1500 – 1960)"



Flaviane Gonçalves Borges [1]

CASTELLOJosé Aderaldo, 1921 – A Literatura Brasileira: Origens e Unidade (1500 – 1960). Editora da Universidade de São Paulo, 1999, p. 37 – 50.

O texto “Definição do Período Colonial” de José Aderaldo Castello faz um resumo conciso sobre as origens e sobre a unidade da literatura informativa, época em que as cartas escritas por navegantes e jesuítas formaram documentos essenciais para compreender a formação dos costumes da terra brasileira. Essas cartas são caracterizadas por serem as primeiras manifestações literárias no Brasil e permitem que os estudiosos interpretem o conhecimento cultural, histórico, interpretativo e estético. Explorando esse escrito é notável que a convivência dos índios com os colonizadores colaboraram para eclodir a diversidade cultural e o sentimento brasileiro. Ao analisar tal convivência o autor chega a conclusão de que o que contribuiu para a formação da identidade do país foram as influências internas, a dos colonizados, e externas, a dos colonizadores, propagadas naquela época. Se tratando da literatura brasileira o texto ressalta que o caráter e a cultura indígena os tornaram símbolos nacionais consagrados por autores do Barroco, Arcadismo, Romantismo e os modernistas inventaram novos padrões para o nacionalismo literário.  Esse texto está incluso no livro “A Literatura Brasileira: Origens e Unidade” de Castello, o qual se refere ao achamento do Brasil (XIV ao XVIII) pelos portugueses e espanhóis.

Palavras-Chave: Colonização; Literatura; Identidade; Indianismo; Nativismo.


[1] Graduanda na Universidade do Estado da Bahia no curso de Língua Portuguesa e Literaturas, tendo por orientadora a Professora Claúdia Albuquerque de Lima.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Literatura Informativa: Carta de Pêro Lopes de Sousa


 A Literatura Brasileira teve início com o achamento do Brasil (1500), as cartas, tratados, diários e crônicas escritas naquela época ficaram conhecidas como literatura informativa. Estes documentos se tornaram referência para a literatura brasileira e, dentre vários escritos, encontramos a carta de Pêro Lopes de Souza.   

CARTA DE PÊRO LOPES DE SOUSA

Pêro Lopes de Sousa foi um dos doze primeiro donatário do Brasil e escreveu “Diário da Navegação”, um relato de sua experiência na costa brasileira e no Rio Paraná e Uruguai, que conheceu por ocasião de explorar a baía da Prata. A obra foi escrita em 1530, mas só foi publicada em 1839 por Francisco Adolfo de Varnhagem.
         No diário Pêro Lopes anotou o que observou durante a viagem, a qual o rei D. João III, sabendo que havia exploração do Rio da Prata, decidiu tomar posse da terra e mandou cinco velas e 400 homens para explorar aquele local. Ordenou que Martim Affonso de Sousa, irmão de Pêro Lopes de Sousa, comandasse os navios e a terra.

Na era de mil e quinhentos, sabadotres dias do mês de dezembro, parti desta cidade de Lixboa, debaxo da capitania de Martim Afonso de Sousa meu irmão, que ia por capitam de uma (sic) armada e governador da terra do Brasil (p. 3)

A viagem para o Brasil foi longa e chegaram ao Cabo de Santo Agostinho em 01 de Fevereiro de 1531, lá encontraram três naus dos franceses, pegaram as naus e seguiram a viajem até Pernambuco com 8 navios. Os navios dos franceses, um Diogo Leite levou para explorar e tomar posse do rio de Maranhão, outro foi queimado e o ultimo voltou com João de Sousa para Portugal.
Pêro Lopes escreveu detalhes de toda viagem, os rumos, desvios, por onde passou ou parou, o estado do mar, do céu, a força e direção do vento “nos deu uma (sic) trovoada com muito vento e agua, que nos fez amainar as velas.” (p. 8). A partir daí, vários pontos da costa foram explorados até chegarem ao Rio da Prata e a informação da carta vai ficando variada, entra em cena a terra, os pontos notáveis da natureza, animais, vegetação e pessoas encontradas no caminho.

 “e saio a nós hum homem, à borda do rio, coberto com pelles, com arco e frechas na mão; e falou-nos duas ou tres palavras guaranis (...) logo vieram mais tres homens e uma(sic) molher, todos cobertos com pelles: a molher era mui fermosa; trazia os cabellos compridos e castanhos: tinha uns(sic) barretes das pelles das cabeças das onças, com os dentes e com tudo” (p.47-48)

Por esses fatores esse documento, é um testemunho tanto do ponto de vista técnico e prático dos navegantes, quanto histórico, geográfico e da vida de pessoas e seus costumes.
Seguindo viagem, os navegantes localizaram a Baía De Todos os Santos logo após foram para Rio de Janeiro, lá fizeram o povo, daquela terra, sair e construíram uma casa com cerca para fazerem suas necessidades. O capitão mandou quatro homens andarem por Rio de Janeiro para conhecerem e verem se tinha gente. Dois meses depois voltaram acompanhados pelo dono da terra, o qual encheu o capitão J. de muito cristal e mandou-o sair de lá informando outro local onde havia outro e prata.
Ao sair do Rio de Janeiro foram para o porto de Cananéa, lá encontraram um bacharel português, Francisco de Chaves e meia dúzia de castelhanos. E continuando a viagem sofreram uma grande tormenta na altura do Cabo de Santa Maria.
No final deste ano (1531) Pêro Lopes viaja pelo estuário do rio da Prata. E em meados de 1532 decide voltar para Portugal, nesse caminho de volta prende dois navios franceses em Pernambuco e como recompensa de tudo o que havia feito recebe 50 léguas no litoral norte do Brasil, mas nunca ocupou.

Sobre o filme "O nome da Rosa"


Disponível em: coladaweb.com

·         Sinopse

O filme se passa em 1327, época que a Igreja imperava sobre a sociedade. O monge Guilherme de Bascerville e o jovem Adson de Melkeram, no desenrolar do filme, são impulsionados a desvendar os mistérios que assolam a Igreja.

·         História

O filme, “O Nome da Rosa”, retrata o que acontecia internamente na Igreja Italiana da Idade Média. O monge Guilherme de Bascerville, após ter passado anos afastado da Igreja, volta com o noviço, Adson de Melk, para participar de uma reunião que decidirá se a Igreja vai ou não se voltar para os pobres.
Apesar de ser jovem, Adson já percebia o que acontecia naquele local. Observava tudo o que se passava, e junto a seu mestre desvendava questões que não poderiam ser contestadas. A Igreja, cheia de pecados, tentava esconder da Inquisição essas implicações, culpando o diabo por todos os crimes cometidos. Guilherme foi alertado para não prosseguir com as investigações, mas o monge franciscano não se contentava com a justificativa dada pela Igreja e, então, uma cena lhe chamou atenção - Na biblioteca da Igreja os pesquisadores liam e traduziam livros, mas não estava presente entre eles o livro “proibido”, o qual foi publicado em grego. Quem tentava lê-lo, antes de concluir, acabava misteriosamente morrendo.
Nesse percurso o monge franciscano e o noviço buscam uma resposta para o mistério. Quando a Inquisição chega ao mosteiro, já não tem só um problema para solucionar, junto com ela vinha Bernardo Gui, o inimigo de Guilherme. O mestre de Adson estava disposto a enfrentar Bernardo Gui para resolver toda aquela situação, mesmo sabendo que seria condenado à morte. No meio de tantos crimes, ainda assim encontramos cenas de romance entre uma garota e Adson, podendo ser considerado um amor impossível, devido à posição distinta de ambos na sociedade.



·         Opinião

O filme é interessante, pois denuncia o que a Igreja escondia da população, as farsas, mentiras e impiedade. Mostrando que ela fazia da sociedade uma escora para obter sucesso nos seus interesses. Isso vai confirmar a afirmativa de Augustinho, o qual diz que o homem é capaz de escolher entre o bem e o mal. No mesmo ambiente, encontramos pessoas que lutam pelo bem e outras pessoas pelo mal.
A circulação dos livros não era permitida entre a população e para boa parte dos monges, uma vez que se não fosse assim o povo conheceria a verdade e essa leitura iria abrir portas para protestos contra a Igreja. Subentende-se que devido aos fatos a Igreja naquela época possuía mais pecadores do que a população. A Igreja deveria mostrar exemplos a serem seguidos, mas, ao contrário, estava interessada no seu próprio ganho.

Interpretação do soneto "Amar!" de Florbela Espanca

Amar! 
Disponível em: medhatter.blogspot.com
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar!  Amar!  E não amar ninguém!

Recordar?  Esquecer?  Indiferente!...
Prender ou desprender?  É mal?  É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada

Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca

Soneto e Vida de Florbela

Disponível em: revistacult.uol.com.br
Flor Bela de Alma da Conceição Espanca (nome de batismo), nasceu em 8 de dezembro de 1894 na cidade de Vila Viçosa em Portugal. Filha de Antônia da Conceição Lobo e João Maria Espanca que era casado com Mariana do Carmo Ingleza. Por Mariana ser estéril, João teve dois filhos com Antônia, Flor Bela e Apeles, que não foram reconhecidos paternalmente e foram criados por Mariana, que posteriormente tornou-se madrinha dos meninos. A curta e agitada vida de Florbela se resume na sua inquietação, sofrimento e nos seus escritos voltados para a erotização, feminilidade, panteísmo e patriotismo. Suas obras foram: poesia, contos, um diário e epístolas, sem contar os vários romances que traduziu e a sua colaboração em diversas revistas e jornais.
Florbela entrou na escola primária em 1899 e escreveu seus primeiros textos literários em 1903. Casou-se 3 vezes e no primeiro casamento sofreu um aborto involuntário, o qual fez com que aparecesse os primeiros sintomas de problemas neuróticos. Cursou direito, mas interrompeu os estudos na faculdade e teve que dar aulas particulares de português para sobreviver.
Com a morte do seu irmão os problemas mentais aumentaram e a poetisa tentou suicídio 3 vezes e, ao saber o diagnostico de um edema pulmonar, perdeu a vontade de viver e na quarta tentativa de suicídio não resistiu. Flor Bela Lobo faleceu em Matosinhos (Portugal) no dia do seu aniversário em 1930, quando tinha apenas 36 anos.
Flor queria publicar o livro “Charneca em Flor”, mas não foi fácil encontrar um editor. Tempos depois Guigo Batelli se interessou na publicação, mas um mês antes do livro ser publicado pela Livraria Gonçalves do Coimbra, Flor cometeu suicídio. Nessa obra estão impressos as recordações da vida de Florbela, sendo considerada a publicação mais sincera e retrata a fase mais difícil da vida da poetisa.
É neste livro que está incluído o soneto “Amar!”, o qual tem 14 versos, 2 quartetos e 2 tercetos, totalizando 4 estrofes. É possível verificar, escandindo o poema, que os versos são decassílabos, pois, respectivamente, o primeiro e ultimo versos do poema são separados da seguinte forma: Eu/que/ro a/mar/ a/mar/ per/di/da/mente e Que/ me/ sai/ba/ per/der/ pra/ me/ en/contrar, para isso, só é necessário fazer a contagem desses dois versos. A poetisa segue os padrões rítmicos com ABAB na primeira estrofe, ABBA na segunda estrofe, CCD nas terceira e quarta estrofes. Observando esses seguimentos e o tema abordado por Flor, é notável que ela escreveu com base nas características neorromânticas, período que permitiuque os autores se espelhassemno romantismo .
Só pelo título do poema percebe-se que o amor é o tema abordado.  O tempo verbal é o presente (“quero amar”), e em alguns momentos leva do presente para o futuro (“E se um dia hei-de ser pó”). Flor começa o poema com a palavra “Eu” entende-se que ela narra algo que sente, que vem dela, uma mulher, e por isso pode ser levado em conta que é um certo dom-juanismo feminino.
Na primeira estrofe, Flor, escreve o amor de tal forma que se torna algo extraordinário, magnífico e amar sem restrições é algo tão necessário que leva à vontade de viver intensamente. Como se proferisse, aproveitar intensamente os momentos amando, e ainda, eu amo perdidamente então ame perdidamente também.
Há um momento de contradição, quando ela banaliza o amor, a portuguesa sofreu tanto que ama de qualquer jeito, o verso “Amar só por amar” exemplifica essa afirmação.Também há uma liberdade no poema, a qual expressa amar livremente e não ficar presa a algo ou a alguém. Esse amor às vezes é insignificante que chega ao ponto de amar as pessoas e ao mesmo tempo não amar, ao citar “Amar! Amar! E não amar ninguém!”.
Pode-se dizer que a palavra amar iniciado com maiúscula é uma empolgação da poetisa, mas depois é como se ela voltasse a “realidade” e percebesse que já viveu uma vida cheia de amores e que não estava presa a nenhum, então entra o terceiro “amar” iniciado com letra minúscula. Nessa estrofe, a palavra amar é repetida 5 vezes. A presença de iniciais maiúsculas nas palavras “Este”, “Aquele”, e “Outro”, entende-se que realmente se refere a pessoas importantes que passaram na vida dela, mas sem certo compromisso, podem até se referir aos seus três casamentos.
Na segunda estrofe, não interessa recordar ou esquecer, o que importa é amar aqui e ali sem se prender a apenas um amor.Percebe-se que há uma redução na repetição da palavra amar, a qual ela cita apenas uma vez, na qual se refere que não tem como amar alguém durante toda a vida, quem falar isso falta com a verdade. Flor defende que o amor não é algo que prende, mas algo que liberta. E ela faz um convite ao leitor para cantar à vida.
Seguindo para a terceira estrofe, começa assim: “Há uma primavera em cada vida”. Levando em conta que a primavera se refere à estação, é a época que mais floresce do ano e é a estação do amor, por isso, todos têm um momento que mais flora, que ama de forma mais intensa. E levando em conta a primavera como uma fase da vida, pode-se dizer que é a faze juvenil, a fase que mais se ama. Então, esse delirante florescimento se dar na juventude.
É preciso cantá-la assim florida”, quem canta é porque está alegre, cante à primavera, cante ao amor mesmo, se houver tristeza no coração, pois a nossa voz foi dada por Deus para ser usada nas canções. Os jovens devem cantar, pois é nessa fase que o amor está florescendo.
Na quarta e ultima estrofe é alertado que se deve aproveitar porque um dia a morte vem e não vai adiantar mais querer amar. A portuguesa se sentia atraída pela morte, mas aproveitava a vida para amar. E ainda, Flor tem uma capacidade de amar tão grande, mas não é correspondida e por isso que ela vive amando um e outro, para um dia encontrar o amor que a entenda.
Flor tornou-se conhecida, pois, a maioria de sua poesia eram sonetos que falavam da solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo, morte e amor, tema que prevalecia. Tempos depois de sua morte, alguns poetas homenagearam Florbela Espanca, como Manuel da Fonseca no poema “Para um poema a Florbela” e Fernando Pessoa em “À memória de Florbela Espanca”.  Ela é considerada como a grande figura feminina da Literatura Portuguesa no século XX.

Bibliografias

ESPANCA, Florbela, 1894-1930. Poemas de Florbela Espanca / estudo introdutório, organização e notas de Maria Lúcia Dal Farra. – São Paulo: Martins Fontes, 1996.

MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. – 19 ed. São Paulo: Cultrix, 1983.

MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa através dos textos. 15 ed São Paulo: Cultrix, 1985.

Locução Adverbial (Crítica)

A gramática normativa (GN) diz que Locução Adverbial “é o conjunto de duas ou mais palavras que funciona como advérbio (...) formam-se da associação de uma preposição com um substantivo, com um adjetivo ou com um advérbio.” (CUNHA, CINTRA, 2008, p. 558). Por exemplo:

·         Sairá do emprego com certeza. (preposição + adv. de afirmação)
·         Agiu com honestidade. (preposição + adv. de afirmação)
·         Vou ensinar o passo a passo da receita. (preposição + modo)

E a frase “Não houve nada de mais” é considerada locução adverbial? Sendo que, na classificação da preposição e do advérbio “de” é preposição e “mais” é advérbio de intensidade. Mas, segundo a gramática tradicional ou GT (MAZZAROTTO, 2002, p. 307), não se deve confundir o advérbio demais, o qual modifica o verbo ou adjetivo, com de mais, o qual modifica o nome e é considerada locução adjetiva. Será que não poderia considerá-lo como locução adverbial também? E vale relembrar que o advérbio nem sempre modifica a palavra. E nesse sentido, se percebe que as palavras devem ser estudadas no contexto e não isoladas, como apresenta o quadro de classificações do advérbio.
Para a linguística, a língua é um conjunto de variedades em que cada falante tem sua própria forma de usá-la. É certo que as combinações de lá de dentro, de lá de cima, de a pé são faladas ou ouvidas no cotidiano social, em frases como:

·         Este cheiro vem de lá de dentro.
·         Preciso limpar o vidro de lá de cima.
·         Estou indo de a pé.

Essas frases permitem que haja comunicação entre os interlocutores, então, são consideradas corretas para a gramática descritiva (GD). Por outro lado, a GN defende que para o falante fazer o uso correto da língua deve seguir as regras propostas por ela, as quais apresentam conceitos contraditórios e que fogem da realidade em que o indivíduo vive. Para a GN, essas frases citadas acima são consideradas impróprias para o uso, declarando que estão “erradas”.
E ainda, observando a mesma gramática, há um trecho que ainda aborda outras formas “incorretas” de usar a língua:

Usam-se com propriedade as locuções do avesso ou pelo avesso (mas não no avesso), na melhor das intenções (mas não com a melhor das intenções), alto e bom som (não em alto e bom som) e grosso modo (não a grosso modo), por se tratarem de locuções latinas. (MAZZAROTTO, 2002, p. 307)

     Essas regras são exageradas, desnecessárias, a ponto de serem motivo de críticas, confusões e muitas pessoas, a terem que segui lá, deixam-na de lado. Esta se torna uma tarefa complicada tanto para o professor ensinar, quanto para o aluno entender, os quais se confundem e acabam não se interessando pelo assunto. Por isso, o professor tem a missão de apresentar para o aluno as regras como um ponto de partida para a fala e escrita e não como algo que deve ser seguido rigorosamente. Portanto, pode-se considerar errado se o sujeito falar “Sei para fui à casa que”, pois não que se haja uma comunicação entre os interlocutores. Mas quando a pronuncia é compreendida por outras pessoas aí se caracteriza as variações da comunicação, basta apenas que saibam a mesma língua.